Resenha do Livro“Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley
No livro o autor se utiliza de uma sociedade futurista utilitarista e utópica, para mostrar algumas incongruências do sociedade atual e real. Essa sociedade fictícia vive pelo prazer, e sente prazer em fazer as coisas que eles são predestinados a fazer, eles são divididos em castas e cargos antes mesmo de nascer, desde sua gestação já são condicionados para seus futuros empregos, e portanto gostam do que fazem, sem necessidade de evoluir na carreira ou nível social, afinal isso é impossível, “E esse – interveio sentenciosamente o Diretor – É o segredo da felicidade e da virtude: amarmos aquilo que somos obrigados a fazer. Tal é a finalidade de todo o condicionamento: fazer as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar.” . São condicionados a aceitar as regras da sociedade sem questionar, regras que incluem a, impensável no mundo da época em que foi escrito e ainda agora, promiscuidade sexual, o consumismo desnecessário, o próprio sistema de castas, entre outras.
Também chama atenção o “Soma”, droga que veio substituir todas as drogas, incluindo o Álcool e o cigarro, uma droga com todos os beneficios dos estimulantes e alucinógenos, sem nenhum dos seus efeitos colaterais, estando sempre por perto e misturada em bebidas e comidas a droga elimina qualquer chance de pensamento critico ou anárquico, tidos como praticamente como crime, considerados “tristes” por assim dizer, portanto evitáveis com uma dose da droga, isso tudo caso a praticamente infalível programação das crianças da historia que é feita por meio da “hipnopedia”, (varias frases são repetidas centenas de vezes durante o sono para que a criança saiba de cor e acredite que aquilo sempre fez parte dela), falhe.
Voltando ao sistema de castas, os indivíduos são divididos desde o “bocal”, afinal o nascimento ou reprodução natural era proibido, o sexo era apenas praticado com fins de prazer não reprodução, uma inversão da regra cristã, que na época em que fora escrito o livro era muito mais forte, mas voltando ao bocal, eles eram divididos entre alfas, betas, gamas, deltas e ípsilons, sendo os alfas a casta mais “alta” e os ípsilons a mais “baixa”, isso era garantido por meio do oxigênio fornecido aos fetos, ou seja quanto mais baixa a casta menos oxigênio, no caso o livro explica que o primeiro orgão a ser afetado seria o cérebro e segundo o esqueleto, assim os ípslons se tornavam humanos baixos um pouco deformados e sem qualquer capacidade mental complexa, deixando impraticável qualquer tipo de revolução por parte deles o que seria perigoso afinal eles estavam em maior numero, diferente do que aconteceu muitas vezes durante a historia mundial real com os escravos.
A sociedade consumista do livro era privada de valores tidos como importantes pela nossa sociedade com religião e família (afinal no livro palavras com “mãe” e “pai” eram obscenas), fazendo um paralelo entre a nossa e a deles, mostrando que nós talvez sejamos condicionados a ter uma religião e nos agregarmos em famílias, conceitos tão básicos que é inconcebível a vida sem ainda mais na sociedade que era vigente na época. Então continuando com o raciocínio é notável que no nosso mundo o sistema de castas também existe, inclusive com o condicionamento biológico, afinal as pessoas de “castas” inferiores que no caso seriam a população de baixa renda, sofrem com falta de alimentos, nutrientes, e medicamentos, o que gera uma mortalidade infantil ainda hoje enorme, mantendo essa casta sob controle, claro, não é tão efetivo, nem tão, por assim dizer, proposital, mas funciona da mesma forma, o consumismo também é integrado na nossa sociedade, onde ter o carro do ano é forma de avaliar nível social, o mesmo vale para, ter roupa de certa marca, comer em certo restaurante entre outros, assim dando inicio a uma corrida consumista atrás não apenas de conforto ou qualidade, mas ascensão social aparente, onde parecer que se é vale mais do que ser. O mesmo acontece com a religião que é impregnada na cabeça das crianças desde muito antes das mesmas terem alguma noção do significado da religião, criando assim, uma sociedade temente a Deus (seja Ele qual for), que segue cegamente as Suas regras (como eu no caso de escrever tudo que se direciona a Ele com letra maiúscula) e portanto manteria-se controlável, porem mais uma vez o nosso método não é tão eficaz quanto o do livro, afinal nos dias de hoje a igreja tem perdido espaço nos meios acadêmicos considerados mais esclarecidos. Citanto esses exemplos tento mostrar como o livro mesmo tendo sido escrito em 1932, continua atual e me atrevo a dizer, mais atual, mostrando alguns dos sistemas criados pela sociedade ao longo dos anos para manter o individuo confinado e dependente dela. Assim criando uma sociedade estável, citando mais um trecho do livro:
“– Estabilidade – disse o Administrador – Estabilidade. Não há civilização sem estabilidade social. Não há estabilidade social sem estabilidade individual.” e por tanto para gerar tal estabilidade social: “As pessoas são felizes, tem o que desejam e nunca desejam o que não podem ter. Sentem-se bem, estão em segurança; nunca adoecem; não tem medo da morte; vivem na ditosa ignorância da paixão e da velhice; não se acham sobrecarregadas de pais e mães; não tem esposas; nem filhos, nem amantes, por quem possam sofrer emoções violentas; são condicionadas de tal modo que praticamente não podem deixar de se portar como devem.”, mas isso leva ao questionamento que surge durante a leitura, de que adianta viver uma vida confortável, porem vazia?
Mas isso claro é do nosso ponto de vista, o qual não passou por um condicionamento hipnopédico, e se baseia na nossa sociedade, no qual as emoções violentas e fortes são inclusive encorajadas por livros, filmes, musicas, dentre outras mídias, que esperam vender, ou seja voltamos ao consumismo, essas formas de emoções.
E a maioria dos questionamentos e paralelos surgem dentro do livro com a inserção de um selvagem, que vivia numa das (raras) reservas, onde os humanos mantiveram seus costumes considerados bárbaros, na maioria uma mistura dos costumes da nossa sociedade com alguma forma mais tribal, quando ele adentra essa sociedade da qual ele não faz parte então observa de fora, sem condicionamento e com uma mentalidade parecida com a nossa, as falhas (consideradas por ele) da sociedade a que foi apresentado.
Portanto acredito que alem de causar um choque o autor tem a intensão de traçar essa comparação entre os dois mundos, nos fazendo prestar atenção na nossa própria programação. Então deixo minha satisfação geral na escolha do livro pelo professor, e com o próprio conteúdo do livro, levando o leitor a questionar a própria sociedade através de uma exacerbação e inversão das regras a que estamos condicionados a seguir.
Quem ja leu o livro, sinta-se a vontade para debate-lo comigo. ^^
Boa Sorte a Todos, e T'+!
3 comentários:
Ficou muito bom mesmo, então, sem querer estragar o que ja foi dito, vou adicionar meus pingos..
- Interessante notar que, mesmo nessa sociedade, existiam aqueles que estavam insatisfeitos, seja por terem atingido o "topo" (talvez assim contemplando o abismo do sentido de tudo.. ou apenas por exceder as expectativas) seja por nunca obter sucesso (e assim se sentir extrangeiro, alienígena ao mundo, fora a inveja de não poder ter, poder pertencer). Seria, como o livro aborda no inicio,o descontentamento um estado provocado por fatores externos, ou um estado natural do ser humano?
- Como as pessoas se maravilharam como selvagem, o diferente pôrem similar. Idolatravam por poder o que eles não podiam, e se regorgizavam por sua "superioridade" por ele não poder nem ter acesso ao que eles tinham.
E muitas outras coisas... Sobre a resenha em si, o meio acadêmico também é um religião. Ou uma igreja, se quizer ser mais direto. Irônicamente, muitas vezes o é também literalmente.
bom, eu gostei da tua resenha... porém... TU DEVERIA COLOCAR PONTOS!!!!!
hehhehe mas gostei da tua resenha... ahh a minha ficou mehhhh
ficou muito bom, quase perfeito....
ajudou muito em meu trabalho, acho que conseguirei ir bem, uma boa nota, e entendi muitoooooo.....
Me fez refletir sobre minha vida, tenho 15 anos...
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