domingo, 6 de maio de 2007

Quem sou eu?
"Por mais que eu evite, acabo caindo na mesma rua.
Cruzo a cidade rapido o suficiente pra não ter que olhar aonde vou, e onde chego, na rua.
Deixo meus pés guiarem o caminho, enquanto deixo minha mente viajar para longe, onde ela talvez seja mais necessária, e quando noto, meus pés, traindo minha vontade, chegam na rua.
É a rua.
Um lugar como qualquer outro, para as dezenas de pessoas que passam por ela diariamente.
Triste lugar pra mim.
Pra mim ja parece um lugar ficticio, fora de qualquer realidade, todos os caminhos levam a ela, e dela todos os caminhos derivam.
Voltar a ela a cada jornada é praticamente um ritual.
Ja passei por ela acompanhado, sozinho, no meio de multidões, correndo, gritando, ja parei na rua, sentei e sobre o piso de paralelepipedo velho, e chorei.
Este local ja presenciou todas as fases da minha vida.
Ja sentiu minha tristeza, ja ouviu meus lamentos, minhas inseguranças.
Ja ouviu tambem minha risada, ja se estendeu sob mim como pista de dança, onde dancei com a vida.
Ja viu tambem meu desespero, meus passos ecoando noite a dentro, gritos, corrida, suor, dor, chuva, barro.
É, tanto eu faço parte da rua, quando ela faz parte de mim, agora ainda não decidimos qual dos dois é real, eu ou ela.
Não quero mais passar por ela, ela me lembra demais de muitas coisas que quero esquecer.
Mas sei que se algum dia tiver algum, meus filhos passarão por ela, assim como meu cortejo funebre, no caminho para meu descanso eterno, se é que existirá algum, passará pela rua.
Inicio, meio e Fim, a rua resume tudo, todos, nada e ninguem.
La esta ela, onde sempre esteve, na minha frente, atras de mim, e abaixo dos meus pés.
Passiva ela segue seu destino, que invariavelmente é o meu destino.
Meu caminho ja traçado, e arduamente colocado diante dos meus pés.
Espero um dia me despedir da rua.
Ir embora, desistir do caminho que ela me apresenta.
Mas por enquanto, assumo, fazendo o uso de uma linha de raciocinio comoda, que ela sabe o que é melhor pra mim.
O trajeto ainda é longo, mas pode acabar ali na frente.
Será minha rua sem saida.
Será ela o fim da jorada afinal?
Ou apenas o começo de outra?
Ou será meramente o meio, o caminho, não o objetivo, nem o destino?
Ou será nada. (como algo pode ser nada, afinal se nada for alguma coisa, deixa de ser nada.)
Bom, cabe a ela decidir, até que eu resolva o que ela será."

Bom, tomem isso como metafora, parabola, cronica, poesia, loucura, decidam, o que o texto acima será, ou deixem que ele decida por vocês.
Boa Sorte a Todos.